Gorendill: 1410 (03)

No programa de hoje: a Milícia de Gorendill!


A Milícia de Gorendill

A milícia de Gorendill (ou simplesmente “milícia” para os locais) é a instituição civil que tem como função aplicar a lei e manter a paz dentro da cidade. Uma entidade de pequeno porte, sua jurisdição termina junto com os limites físicos da cidade. Como era de se esperar em casos como este, os milicianos limitam-se apenas a impedir crimes em andamento e capturar criminosos procurados – eles não tem a autoridade nem o treinamento necessário para realizar qualquer tipo de função investigativa. Esta poderia ser apenas mais uma entre as muitas outras milícias que existem nos centros urbanos de Arton, se não fosse por um detalhe: seus membros são especificamente treinados (e equipados) para não matar.

Logo que aceitos na organização, novos recrutas são ensinados como sobrepujar meliantes através do uso de técnicas de desarmamento e imobilização. Eles também recebem instrução no uso do “tan-korak” – uma arma (supostamente de origem tamuriana) própria para este estilo de combate. Todos os membros da milícia possuem seu próprio tan-korak, sendo que a arma também serve como uma espécie de distintivo que comprova sua afiliação com a instituição.

A milícia possui uma hierarquia simples, mas rígida. Em primeiro lugar vem o comandante geral, autoridade máxima dentro da organização. Logo abaixo temos o capitão da guarda – segundo em comando e encarregado de liderar os homens em missões de campo. Uma vez que o comandante geral tem quase todo o seu tempo ocupado por responsabilidades administrativas e burocráticas, é o capitão da guarda quem toma a maioria das decisões práticas dentro da milícia (apesar de o comandante ter autoridade para veta-las posteriormente).

Em seguida vêm os sargentos. Cada sargento é incumbido de salvaguardar setores específicos de Gorendill, liderando destacamentos de soldados para este fim. Tais soldados formam o grosso da milícia, e são quem normalmente realizam as missões de policiamento propriamente ditas. Abaixo de todos estão os recrutas: indivíduos reconhecidos como parte integrante da milícia, mas que ainda não completaram o treinamento básico. Devido a sua condição de aprendizes, recrutas são enviados as ruas apenas em raras ocasiões, sendo normalmente tratados como uma força reserva a ser acionada em emergências.

Há um costume dentro da milícia de amarrar pequenas gemas ovaladas junto ao tan-korak de um miliciano. O posto do mesmo na organização é então indicada pelo número de gemas existentes. Recrutas não possuem nenhuma gema em seu tan-korak, enquanto soldados têm uma e sargentos duas. O capitão da guarda possui três e o alto-comandante quatro gemas, sendo que estes dois são cargos exclusivos, ocupados por apenas um membro por vez.

Vale comentar também que a milícia é composta apenas por homens. Isso se deve a um pensamento bem provinciano do povo de Gorendill de que “pegar em armas é trabalho pra homem!” Este traço bota a milícia em constante atrito com a Guilda das Amazonas Livres.

As Origens

A história da milícia de Gorendill esta intimamente ligada a de seu fundador, o guerreiro Marcus Dubeau (Humano, Guerreiro 4/Pacificador 5, NB). Nascido em Valkaria, Dubeau originalmente era um soldado do exército de Deheon. Apesar de sonhar em ingressar no Protetorado do Reino, nunca conseguiu passar nos exames de admissão. Suas aspirações a herói acabaram quando ele recebeu um cargo de comando em um posto fronteiriço próximo às Montanhas Uivantes.

Não muito longe do posto que Dubeau comandava havia uma vila como outra qualquer – tratava-se de uma jovem Gorendill, ainda antes da chegada de Guss Nossin. Com o passar dos anos, o velho soldado acabou se afeiçoando ao lugar, e o tempo que passou na cidade o ajudaram a esquecer seus sonhos de juventude. Por ironia do destino, ele acabou se tornando um herói local ao liderar seu pequeno contingente de homens em defesa da cidade durante um ataque de salteadores.

Tudo parecia bem, até o dia em que Dubeau recebeu ordens de retornar para Valkaria. Naquele ponto, o guerreiro já havia feito de Gorendill seu lar e estava planejando passar o resto de seus dias na cidade. Havia a opção de aposentar-se do exército e permanecer em Gorendill como um civil, mas Dubeau sempre esteve ciente de que era um soldado; dificilmente iria encontrar alguma outra vocação onde se encaixasse.

Seja por coincidência ou obra do destino, o golpe de estado de Guss Nossin ocorreu quase que simultaneamente. Vendo ai um meio de saída, Dubeau aproximou-se do prefeito com uma proposta: valendo-se de sua reputação entre o povo da cidade, o guerreiro iria trazer o apoio popular necessário para legitimar a administração de Guss; em troca, este daria seu aval para a criação de uma nova força policial sob o comando de Dubeau. O prefeito aceitou de prontidão.

Meses mais tarde, com o poder do governo Nossin solidificado, a milícia de Gorendill foi finalmente fundada, com Dubeau assumindo o posto de seu primeiro comandante geral.

Diga-se de passagem, a tradição da milícia de não matar também veio de Dubeau. Apesar de ser um soldado, ele sempre possuiu uma natureza pacifista e abominava mortes desnecessárias. Tanto que chegou a especializar-se em técnicas de combate não-letal. Após fundar a milícia, ele ensinou suas técnicas para seus homens.

A Era de Desprestígio

Nos primeiros anos desde sua fundação, a milícia desfrutou de imensa popularidade em parte graças a reputação de seu fundador e líder. O fato da organização possuir atributos como “guardiões da paz” também ajudou nesse sentido. No entanto, esta situação tem mudado em tempos recentes devido a certas manchas em sua carreira.

Em primeiro lugar, houve o grande aumento na criminalidade dentro da cidade. Punguistas, gatunos, vigaristas. Todos os tipos de bandido tem marcado uma presença cada vez maior em Gorendill já há algum tempo. Lógico, a milícia não ficou à-toa, e por diversas vezes esteve perto de desmantelar a guilda de ladrões local. No entanto, os mandantes sempre conseguiam fugir como se por milagre, e a onda de crimes recomeçava pouco depois.

A gota d’água veio com a Injúria: dentre todos aqueles que se ergueram para defender Gorendill dos legionários de Tapista, os milicianos foram o que se mostraram mais impotentes. Comparado a um exército profissional, os eles careciam em números e treinamento para lutar em grupo de forma adequada. Além disso, suas técnicas não-letais eram ineficazes contra um inimigo que estava disposto a levar tudo até as últimas consequências.

Após a tragédia, o povo virou as costas para a milícia. A grande maioria os vê como um bando de imprestáveis e não tem mais fé em sua capacidade de cumprir com seus deveres. Nos dias de hoje, os milicianos operam em uma cidade onde têm poucos aliados.

Um dos poucos motivos que permitiu a milícia sobreviver a tudo isso foi o nobre sacrifício de Dubeau. Em um pronunciamento público, ele assumiu toda a responsabilidade pelas falhas da instituição e, após fazer um apelo de perdão para a população, se resignou do cargo de comandante geral. Desde então, ele tem vivido seus dias de aposentado junto com a família, em uma humilde casa nos subúrbios da cidade.

O novo comandante geral é Harrison Dankis (Humano, Guerreiro 8, LN), antigo capitão da guarda e protegido de Dubeau. Homem sério e de poucas palavras, Dankis provou não estar pra brincadeiras tão logo assumiu o novo cargo: implementou uma política de tolerância zero que pune mesmo a mais leves das infrações com tempo de cadeia. Graças a isso, as celas do quartel da milícia passaram a estar sempre cheias.

Os amigos de Dankis ficam desconsolados ao ver seu estado atual, pois nem sempre ele foi tão severo. Em sua juventude, ele era um rapaz alegre e apreciador das artes. Chegou até a estudar sobre o assunto em um templo de Tanna-Toh. Mas tudo isso mudou depois que sua esposa, Karla, faleceu ao dar a luz à Lórenn – a única criança do casal. Desde então, ele se tornou um homem soturno, que só consegue demonstrar algum tipo de felicidade quando esta perto da filha.

Enquanto isso, a nova atitude da milícia de Gorendill continua incomodando indivíduos em ambos os lados da lei.

Rumores e Boatos

  • Após a Injúria, o comandante Dankis forjou uma improvável amizade com Mordred Twilight – ambos desenvolveram uma simpatia mútua devido a terem passado por tragédias pessoais semelhantes. Atualmente, o líder da milícia é uma das poucas pessoas com quem Mordred aceita se encontrar. Ao mesmo tempo, dizem as más línguas que Dankins sabe das atividades irregulares do ex-bardo e, surpreendentemente, está fazendo vista grossa para com elas;
  • Por anos, a filha de Dankis viveu em um internato ligado a igreja de Tanna-Toh, longe de Gorendill. Lóreen retornou à cidade apenas recentemente. Na ocasião, ela surpreendeu muitos não apenas por possuir uma beleza ímpar, mas também um talento extraordinário para a pintura. A jovem já possui muitos admiradores, mas seu pai tem utilizado de toda a sua autoridade para mantê-la longe do que ele chama de “más influencias”;
  • A política de tolerância zero não foi o bastante: o comandante Dankis planeja realizar mudanças radicais na milícia ao longo prazo. Dentre elas inclui permitir que seus homens façam uso de força letal contra meliantes. A única coisa que o impede é seu respeito por Dubeau. Dankis sabe que o guerreiro veterano já esta no final de seus dias e pretende esperar que ele faleça antes de aplicar suas reformas. Por outro lado, alguns descontentes já ficaram sabendo das ideias de Dankis, e estão se preparando para retira-lo de seu cargo caso ele venha a prosseguir com elas;

A propósito, aqueles interessados podem encontrar regras para o uso do tan-korak em jogo neste artigo do site official da Jambô Editora.

Deixe um comentário